A 1ª vice-líder da oposição na Câmara de Salvador, Marta Rodrigues (PT), avaliou a prisão dos acusados de serem os mandantes do crime contra a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes como "um avanço para a democracia", mas admitiu que, enquanto mulher e militante de esquerda, ainda tem medo de ser vítima de violência pela sua atuação política.
Segundo a petista, a sociedade precisa discutir e dar visibilidade à Lei 14.192/21, que criminaliza a violência política de gênero, "para não acontecer o mesmo que aconteceu com Marielle".
"Então é sobre isso que a gente precisa também falar. E essa lei que foi aprovada em 2021 é uma lei importante, porque a gente precisa dar visibilidade ao que é a violência política de gênero. A gente sofre uma violência sutil nesses espaços. Não dá para a gente conviver mais, em pleno século XXI, com tamanha violência. Olha de onde os irmãos [Brazão] estavam vindo, para mandar executar uma vereadora. Isso é muita covardia e essa violência não pode perpetuar. A gente precisa galgar outros passos, porque a cada eleição a gente vê vários tipos de violência, tanto nas redes sociais, quanto fisicamente. De a gente passar na rua e alguém apontar o dedo e xingar. Agora, a gente não pode também se intimidar de fazer o debate, de ir para cima. A gente não pode recuar, porque se a gente recuar é pior", declarou a vereadora, em entrevista ao Blog do Vila, do Portal Salvador FM, ao citar a fala da trabalhadora rural e sindicalista Margarida Alves, também assassinada na Paraíba, em 1983.
Para Marta, Marielle é uma fonte de inspiração para não deixar a luta por uma sociedade melhor arrefecer. "Marielle foi uma semente crioula, que é aquela boa semente, que não vem com agrotóxico. Essa semente dela está germinando e está florindo para a gente dar conta e dizer que nós não vamos aceitar", finalizou.