Dia do Gari: trabalhador relata ônus e bônus da profissão: ‘temos um valor na sociedade’

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Luiza Nascimento

Salvador

16 de maio de 2023 às 10h16

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Foto: Paulinho FP/Salvador FM

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Comemorado nesta terça-feira, 16 de maio, o Dia do Gari é uma data importante para homenagear os profissionais que cuidam da limpeza dos espaços públicos, garantindo o bem-estar da sociedade e prevenindo doenças e até mesmo acidentes. A data é fundamental para dar visibilidade às pautas importantes para a categoria, sobretudo por se tratar de uma profissão cercada por preconceitos e riscos.

Adriano de Jesus, profissional da Limpurb -empresa responsável pela limpeza em Salvador- está há 4 anos na profissão e, em entrevista a Salvador FM, falou sobre as dificuldades e preconceitos enfrentados diariamente por ele e seus colegas.

"Tem lugares que eu chego e sou bem recebido, mas tem lugares que as pessoas não aceitam a pessoa do jeito que a pessoa vai fazer a coleta. Eu acho um preconceito, porque só porque você está pegando lixo que eu acho que você está fedendo? E aí as pessoas tapam o nariz, ficam com a cara de nojo… Mas tem lugares que as pessoas não ligam pra essas coisas e a gente é bem recebido. Às vezes, têm pessoas que não respeitam o nosso trabalho por a gente chegar num lugar, ter saco de lixo aberto, arregaçado, chega os baderneiros, bagunçam o lixo. Dificulta pra trabalhar, pra fazer o respaldo”, denunciou.

A função de Adriano é ser arrumador e assim, ele pega lixo dos prédios e contentores para facilitar a coleta quando o caminhão de lixo chegar ao local. Mas com o trabalho, às vezes ele tem encontros indesejados com grandes transmissores de doenças.

“Às vezes têm casinhas que a gente encontra ratos e a gente pode tomar um sustinho, mas é coisa besta”, brincou Adriano.

Outro perigo é o descarte irregular de objetos cortantes pois, apesar de trabalhar com luvas e equipamentos de segurança, todo cuidado é pouco e por isso, Adriano faz um alerta para a população e dá dicas, sobretudo com o descarte de vidros, agulhas e seringas.

“Pode colocar o vidro em uma garrafa pet e isolar bem direitinho para que ninguém possa se acidentar. A seringa mesmo, para nós não contrairmos o vírus da AIDS [e outras doenças], tem também que colocar num lugar seguro na hora de fazer o descarte, pra ninguém se acidentar, ninguém se prejudicar”, alertou.

Apesar das dificuldades, não só de ônus vive o profissional da limpeza. Adriano revelou que o contato diário com crianças na rua aflora nele e em seus colegas um lado mais alegre.

“Têm coisas que são bem gratificantes por ver uma criança, que tem aquele amor, aquele carinho pelo gari. Dá um bom dia, dá um sorriso. É tudo pra nós e nós levamos a vida assim, alegres e brincando”, disse.

Para Adriano, datas como essa são importantes para reforçar a importância do seu serviço para a sociedade.

“Pra mim, é um dia muito especial que a gente sente satisfação, só de ser homenageado por nosso dia. Nós aprendemos que temos um valor na sociedade e é o que precisa a cidade de Salvador e todas as cidades do Brasil”, enfatizou.

*Com informações do repórter Paulinho FP

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