O Dia Nacional do Diabetes, celebrado neste domingo (26), refor&ccedil;a a import&acirc;ncia de h&aacute;bitos saud&aacute;veis para evitar a doen&ccedil;a, que acomete mais de 537 milh&otilde;es de adultos com idade entre 20 e 79 anos, representando 10,5% da popula&ccedil;&atilde;o mundial nessa faixa et&aacute;ria. Os dados s&atilde;o do Atlas do Diabetes 2021, divulgado pela Federa&ccedil;&atilde;o Internacional de Diabetes (IDF).

O Brasil &eacute; o sexto pa&iacute;s em incid&ecirc;ncia de diabetes no mundo e o primeiro na Am&eacute;rica Latina -- s&atilde;o 15,7 milh&otilde;es de pessoas adultas com esta condi&ccedil;&atilde;o, e a estimativa &eacute; que, at&eacute; 2045, a doen&ccedil;a alcance 23,2 milh&otilde;es de adultos brasileiros.

A aposentada Walquiria Lopes, de 64 anos, teve o primeiro sinal de que poderia estar com a doen&ccedil;a em um teste de rotina no escrit&oacute;rio em que trabalhava. Ap&oacute;s um m&ecirc;s de acompanhamento m&eacute;dico e aferi&ccedil;&atilde;o di&aacute;ria da glicemia capilar, ela recebeu o diagn&oacute;stico: diabetes tipo 2.

&ldquo;Fiquei muito assustada pois j&aacute; queriam at&eacute; me aplicar insulina, porque j&aacute; [o &iacute;ndice] estava muito alto. A&iacute; comecei o tratamento com um endocrinologista. A descoberta &eacute; muito importante, porque eu n&atilde;o tinha sintomas, o diabetes &eacute; uma doen&ccedil;a silenciosa. Eu n&atilde;o tinha sede, pois eu j&aacute; tomava &aacute;gua por causa de c&aacute;lculos renais. J&aacute; n&atilde;o comia muito doce, mas comia muito carboidrato, e n&atilde;o sabia que este tamb&eacute;m podia causar a doen&ccedil;a&rdquo;, lembra Walquiria. A aposentada destaca a import&acirc;ncia dos exames e diz que foi com a picadinha no dedo que teve o alerta. A confirma&ccedil;&atilde;o da doen&ccedil;a veio depois, com exames de sangue.

Walquiria aprendeu a conviver com o diabetes, controlando a doen&ccedil;a de forma adequada. &ldquo;Continuo n&atilde;o tendo sintoma nenhum, mas convivo com a doen&ccedil;a fazendo exames peri&oacute;dicos, tomo a medica&ccedil;&atilde;o e vou ao m&eacute;dico regularmente.&rdquo; Ela refor&ccedil;a que o exame &eacute; importante porque, se o diabetes for descoberto precocemente, a pessoa j&aacute; pode iniciar o tratamento. Com o tratamento adequado, a vida &eacute; perfeitamente normal, afirma.

Tipos 
Existem quatro tipos de diabetes, explica o endocrinologista e presidente da Associa&ccedil;&atilde;o de Diabetes do ABC, Marcio Krakauer. &ldquo;O do tipo 1 acontece por uma doen&ccedil;a autoimune, em que o corpo para de produzir insulina naquele momento (ou poucas horas e dias antes), e os sintomas s&atilde;o excessivos, como fome, sede intensa, perda de peso, vis&atilde;o emba&ccedil;ada, infec&ccedil;&otilde;es urin&aacute;rias e genitais, dores no corpo&rdquo;.

Nesse tipo, quando se rep&otilde;e a insulina, o indiv&iacute;duo fica bom rapidamente. O diabetes do tipo 2 &eacute; uma doen&ccedil;a que mistura o heredit&aacute;rio com o ganho de peso e vai surgindo de forma muito lenta na vida. Em geral, quando se faz um diagn&oacute;stico por causa de tais sintomas, estes j&aacute; existem h&aacute; cerca de cinco anos ou mais, acrescenta o m&eacute;dico. Segundo Krakauer, o diabetes do tipo 2 &eacute; completamente assintom&aacute;tico ou pouco sintom&aacute;tico.

J&aacute; o pr&eacute;-diabetes &eacute; uma condi&ccedil;&atilde;o bem inicial. &ldquo;N&oacute;s damos esse nome, mas, na verdade, a glicose j&aacute; n&atilde;o est&aacute; normal. O diagn&oacute;stico &eacute; feito por n&uacute;meros de glicose na ponta do dedo, ou do exame hemoglobina glicada ou do exame de curva glic&ecirc;mica. &Eacute; o in&iacute;cio da hist&oacute;ria do diabetes&rdquo;, e a&iacute; as pessoas precisam ser tratadas para evitar que fiquem com diabetes, ressalta o m&eacute;dico.&nbsp;

O diabetes gestacional &eacute; aquele que aparece por causa da gravidez. &ldquo;Em geral, s&atilde;o mulheres obesas, que t&ecirc;m hist&oacute;ria de pais com diabetes tipo 2 e que, quando est&atilde;o entre a 26&ordf; e 28&ordf; semanas de gesta&ccedil;&atilde;o, por conta dos horm&ocirc;nios da gravidez, podem apresentar a glicose elevada, o diabetes. Essas mulheres devem tratar-se porque pode haver muitas complica&ccedil;&otilde;es para m&atilde;e e para o beb&ecirc;&rdquo;, observa Krakauer.

Conviver com a doen&ccedil;a 
Os riscos do diabetes s&atilde;o v&aacute;rios, mas h&aacute; formas adequadas de controlar a doen&ccedil;a. &ldquo;Todos [os tipos de diabetes] precisam de mudan&ccedil;a de estilo de vida: primeiro plano, alimentar-se de forma saud&aacute;vel, nutricionalmente adequada. Aqueles que est&atilde;o acima do peso devem perder peso, os que est&atilde;o abaixo do peso, ganhar ou manter o peso&rdquo;, destaca o m&eacute;dico.

Ele acrescenta que &eacute; importante reduzir os carboidratos simples e dar prefer&ecirc;ncia aos carboidratos integrais, ingerindo-os em pequena quantidade, e ter a alimenta&ccedil;&atilde;o fracionada ao longo do dia. O prato precisa ser composto de forma saud&aacute;vel: metade de legumes, verduras, saladas, um quarto de carboidratos integrais e um quarto de prote&iacute;na, que pode ser vegetal ou animal.

Quem tem diabetes tipo 1 precisa fazer a reposi&ccedil;&atilde;o de insulina, j&aacute; que n&atilde;o produz o horm&ocirc;nio, e manter h&aacute;bitos de vida saud&aacute;veis. A insulina, horm&ocirc;nio produzido pelo p&acirc;ncreas, &eacute; respons&aacute;vel por levar a glicose que est&aacute; no sangue para o interior das c&eacute;lulas. 
J&aacute; o diabetes gestacional, dependendo da situa&ccedil;&atilde;o, pode ser tratado s&oacute; com alimenta&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel. &ldquo;Se necess&aacute;rio, o diabetes gestacional pode ser tratado com insulina. Por enquanto, n&atilde;o se utiliza medicamento oral. Apesar de alguns estudos liberarem a metformina, por enquanto s&oacute; se libera a insulina durante a gesta&ccedil;&atilde;o. E atividade f&iacute;sica tamb&eacute;m. Ali&aacute;s, a atividade f&iacute;sica &eacute; importante para todos os tipos de diabetes e para todas as pessoas.&rdquo;

De acordo com o m&eacute;dico, para conviver com a doen&ccedil;a, &eacute; preciso monitoramento e educa&ccedil;&atilde;o. &ldquo;&Eacute; preciso fazer teste na ponta do dedo ou usar a medi&ccedil;&atilde;o da glicose continuamente para tomada de decis&atilde;o, tanto para enxergar o efeito da alimenta&ccedil;&atilde;o, o efeito da parte emocional, da glicose no sangue, o efeito do exerc&iacute;cio, dos rem&eacute;dios, da insulina. A monitoriza&ccedil;&atilde;o &eacute; muito importante.&rdquo;

Krakauer explica que, quando o diabetes est&aacute; bem compensado, com par&acirc;metros perto da normalidade, a chance de complica&ccedil;&otilde;es cr&ocirc;nicas &eacute; m&iacute;nima. &ldquo;Mas aqueles que est&atilde;o [com o diabetes] mal controlado e por muito tempo, podem ter complica&ccedil;&otilde;es nos olhos -- a doen&ccedil;a &eacute; a maior causa de cegueira no mundo &ndash;, no cora&ccedil;&atilde;o e doen&ccedil;as arteriais perif&eacute;ricas.&rdquo;

Podem advir ainda problemas neurol&oacute;gicos, alerta o m&eacute;dico. &ldquo;Chamamos de neuropatia do diabetes, que aumenta muito a chance de perder a sensibilidade nos p&eacute;s. Esses indiv&iacute;duos podem ter infec&ccedil;&otilde;es e sofrer amputa&ccedil;&otilde;es, al&eacute;m de doen&ccedil;a renal do diabetes que leva &agrave; hemodi&aacute;lise ou ao transplante de rim. E v&aacute;rias outras quest&otilde;es, como gordura no f&iacute;gado, doen&ccedil;as pulmonares, pior resposta &agrave;s infec&ccedil;&otilde;es, como, por exemplo, a covid-19.&rdquo;

O m&eacute;dico explica que quem tem diabetes responde mal &agrave; doen&ccedil;a porque a glicose alta diminui a imunidade &agrave;s infec&ccedil;&otilde;es. &ldquo;Quando a doen&ccedil;a est&aacute; controlada e bem compensada por muito tempo, isso n&atilde;o ocorre&rdquo;.

Preven&ccedil;&atilde;o 
A f&oacute;rmula alimenta&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel e exerc&iacute;cios f&iacute;sicos &eacute; o meio mais efetivo de prevenir a doen&ccedil;a, orienta o especialista. &ldquo;A mistura &eacute;: alimenta&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel, perda de peso para quem est&aacute; acima do peso, muito exerc&iacute;cio f&iacute;sico, tomar muita &aacute;gua, dormir direito e reduzir o estresse, &nbsp;quando poss&iacute;vel.&rdquo;

Krakauer enfatiza que alimentos ultraprocessados tamb&eacute;m aceleram a incid&ecirc;ncia da doen&ccedil;a. &ldquo;Ultraprocessados s&atilde;o alimentos com alto teor de farinha branca, a&ccedil;&uacute;cares e gorduras, que fazem mal ao organismo. O indiv&iacute;duo que tem tend&ecirc;ncia ao diabetes tipo 2, pode, com o excesso de ultraprocessados, ganhar peso muito rapidamente na regi&atilde;o da barriga e apresentar excesso de gordura no f&iacute;gado e no p&acirc;ncreas [esteatose hep&aacute;tica ou pancre&aacute;tica], o que &eacute; um fator de risco gigantesco para o aparecimento da doen&ccedil;a.&rdquo;

Ficar longe do cigarro e das bebidas alco&oacute;licas &eacute; outra maneira de diminuir o risco de ter a doen&ccedil;a, diz o m&eacute;dico. &ldquo;N&atilde;o fumar em hip&oacute;tese alguma, reduzir as bebidas alco&oacute;licas, para quem as toma em excesso, levar a vida de forma saud&aacute;vel, o m&aacute;ximo que conseguir. Algumas vezes, podem ser indicadas medica&ccedil;&otilde;es capazes de reduzir o risco do diabetes em torno de 30%.&rdquo;

Portal 
Iniciativas que forne&ccedil;am informa&ccedil;&otilde;es de qualidade contribuem para o gerenciamento adequado da condi&ccedil;&atilde;o &eacute; uma forma de ajudar quem busca conhecimento. Uma delas &eacute; o portal Tipo Voc&ecirc;, que re&uacute;ne conte&uacute;dos informativos e educacionais para que pacientes e familiares aprendam e aperfei&ccedil;oem o gerenciamento do diabetes.

Lan&ccedil;ado na &uacute;ltima semana pela Roche Diabetes Care, o portal visa auxiliar as pessoas com diabetes a entender as medidas adequadas e a cuidar cada vez mais da sa&uacute;de.

Para o m&eacute;dico, informa&ccedil;&atilde;o &eacute; essencial para a mudan&ccedil;a no estilo de vida de quem quer evitar o diabetes e de quem precisa conviver com doen&ccedil;a. &ldquo;&Eacute; mudan&ccedil;a de estilo de vida. E &eacute; preciso ter conhecimento, informa&ccedil;&atilde;o, educa&ccedil;&atilde;o para atingir a transforma&ccedil;&atilde;o.&rdquo;

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