Autora do projeto de lei que criou o Selo Pacto pela Mulher e criadora do Move Mulher, movimento de expansão política e desenvolvimento feminino, a vereadora Roberta Caires (PDT) reconheceu o histórico "desrespeitoso" do bloco As Muquiranas, mas disse compreender o motivo de a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) escolher a instituição como homenageada este ano.
Após anos de denúncias de assédio e agressão contra foliãs em Salvador, apenas em maio de 2023 a agremiação carnavalesca firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público para efetivar ações de combate à violência.
"Esse selo foi criado justamente para reconhecer empresas que incentivam e geram oportunidades para mulheres vítimas de violência serem reinseridas no mercado de trabalho. Eu entendi que a intenção da secretaria, quando fez essa escolha, e eu quero deixar claro que essa escolha já não me cabe mais como autora e proponente da ideia, era fazer uma reflexão de que, ainda que o bloco As Muquiranas tenha esse histórico, chegou ao momento do 'chega'. Isso foi muito bom, porque serviu de exemplo para várias outras instituições, blocos, festas e comportamentos que desonram a mulher. Conversando depois com a diretora de Políticas para Mulheres, Fernanda Cerqueira, ela disse o seguinte: 'Olha, o que nós temos que fazer é reconhecer quando se estabelece um ajuste de conduta do próprio bloco em reconhecer que eles erraram, que não podiam continuar dessa forma e de que era inaceitável o comportamento deles'. Eles deram um passo para trás e reconheceram isso", argumentou a legisladora, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM, ao admitir que "entende as críticas" de parte da sociedade civil e da imprensa ao critério da honraria.
Ex-presidente do Mulher Democratas Bahia, eleita em 2020 pelo Patriota e transferida posteriormente ao PP, a neopedetista comentou ainda a nova mudança partidária. Ela disse ter sido "bem acolhida" na sigla, afirmou que "já tinha identificação" com a legenda, mas admitiu dificuldades na eleição deste ano. Além de Roberta, o PDT conta em seus quadros com os também vereadores Anderson Ninho e Débora Santana, além dos ex-diretores da Codecon, Omar Gordilho, e da Limpurb, Zilton Krueger. A meta é conquistar entre três e quatro cadeiras na Câmara na eleição de outubro.
"Onde está fácil? Todos os partidos tiveram que contemplar três ou quatro vereadores. Minha vida está nas mãos de Deus e das pessoas que vão fazer a avaliação em um dia e decretar se eu mereço vencer a reeleição ou não, independentemente dos partidos e dos concorrentes", disse a vereadora.
Para obter mais um mandato, Roberta Caires afirma contar com uma "relação maravilhosa" com o prefeito Bruno Reis e destacou o "papel importantíssimo" do seu padrinho político e vice-presidente nacional do União Brasil ACM Neto, que, segundo ela, "continua apostando todas as fichas" em sua reeleição.
Confira a entrevista na íntegra: