Pré-candidato a vereador em Salvador pelo PT e DJ quase 'saem na mão' durante festa de aniversário de bloco afro

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Evilásio Júnior e Yuri Abreu

Política

26 de abril de 2024 às 12h03

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Foto: Montagem | Reprodução

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O secretário-geral do PT de Salvador e pré-candidato a vereador, Ademário Costa, e o produtor cultural DJ Branco, quase chegaram "as vias fato" durante a festa de aniversário que celebrou os 45 anos do bloco afro Olodum, que aconteceu na quinta-feira (25), na sede da entidade, localizada no Centro Histórico da capital baiana.

De acordo com testemunhas ouvidas pelo Portal Salvador FM, tudo teria começado após DJ Branco ter tido um desentendido com o diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), Flávio Gonçalves. Ao perceber a cena, Ademário Costa e o produtor cultural, que também é filiado ao PT, começaram a discutir e por pouco não "saíram na mão".

Em um vídeo publicado em suas redes sociais (veja abaixo), DJ Branco deu a versão dele do ocorrido. "Eu estou muito triste [...] Vim aqui no Pelourinho comemorar os 45 anos do bloco afro Olodum [...] Mas, eu fui ameaçado hoje, dentro da Casa do Olodum, por um pré-candidato a vereador de Salvador, Ademário Costa", iniciou DJ Branco.

"Ele me abraçou, pegou em meu rosto, me empurrou e 'botou a base', queria sair na mão comigo. Eu não vou sair na mão com ele e nem com ninguém. Se ele quisesse sair na mão comigo, a gente sairia na rua. E ele queria sair na mão comigo só porque eu falei que eu não concordo com a postura e posição do diretor do Irdeb, Flávio Gonçalves, com o que ele faz com muita gente [...], Mas, Ademário me ameaçou, disse que não tem medo de mim e botou o dedo em minha cara", completou o artista.

 

 

Ademário diz que agressões começaram após DJ ter pedido negado

Em nota divulgada através de sua assessoria (confira na íntegra abaixo), Ademário Costa diz que vem sendo "ameaçado e caluniado" constantemente pelo produtor cultural.

"Em sua agenda de calúnias, perseguições e difamações, o produtor acusa várias pessoas de não terem mantido seu programa em uma rádio pública por conta do racismo, o que não é. A questão é que DJ Branco tem, de forma intransigente, ignorado os princípios legais da administração pública, que exige, por exemplo, a renovação de contratos oriundos de editais públicos, uma seleção democrática onde todos os interessados podem participar. DJ Branco optou em não se inscrever mais nestes editais e passou a acusar de perseguição e racismo por não ser 'selecionado' de forma informal e sob pressão".

De acordo com o dirigente petista, a "raiva" do DJ Branco "direcionada a mim, especificamente", começou quando o artista teria procurado Ademário para intervir na gestão pública do Irdeb, mudando projetos, programas e outras ações para que ele fosse beneficiado. 

"[...] algo que não é e não pode ser da competência político partidária, mas de gestão de governo. A minha negativa gerou da parte dele perseguição, ameaças e calúnias em diversos espaços públicos dos quais frequento, inclusive com ameaças físicas, chegando a uma situação insustentável que culminou no seu ato de violência ontem, 25 de abril, no aniversário do bloco afro Olodum, quando ele agrediu fisicamente o diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), Flávio Gonçalves, e verbalmente a mim, com diversas testemunhas", rebateu o pré-candidato a vereador.

Confira a nota na íntegra:

"Nota Pública

Eu, Ademário Costa, venho por meio desta nota pública falar sobre o histórico de ameaças e calúnias do empresário da Casa do Hip Hop, DJ Branco contra mim.

A questão racial no Brasil é de profunda importância. Infelizmente, o racismo ainda define quem terá sucesso, emprego, renda e até mesmo quem sobreviverá. O Movimento Negro Brasileiro é um dos mais importantes do país, resultado da luta das revoltas, do acúmulo do movimento social e dos movimentos culturais que culminaram em ações e políticas públicas para combater a pobreza e o racismo no Brasil.

Nesta agenda séria e profunda, é fundamental compreender que o movimento negro é amplo, diverso e, em certa medida, tem divergências. No entanto, uma coisa é nítida há muito tempo: a luta antirracista deve ser tratada com seriedade e contar com aliados sejam negros ou não. Acusações de racismo não podem ter como objetivo prejudicar pessoas inocentes, sem nenhuma comprovação factual, e menos ainda a partir de interesses empresariais individuais e exclusivistas.

Recentemente, tenho sido atacado diariamente por um empresário, dono da Casa do Hip Hop, conhecido como DJ Branco. Em sua agenda de calúnias, perseguições e difamações, o produtor acusa várias pessoas de não terem mantido seu programa em uma rádio pública por conta do racismo, o que não é. A questão é que DJ Branco tem, de forma intransigente, ignorado os princípios legais da administração pública, que exige, por exemplo, a renovação de contratos oriundos de editais públicos, uma seleção democrática onde todos os interessados podem participar. DJ Branco optou em não se inscrever mais nestes editais e passou a acusar de perseguição e racismo por não ser “selecionado” de forma informal e sob pressão.

A sua raiva direcionada a mim, especificamente, começou quando me procurou para intervir na gestão pública do Irdeb, mudando projetos, programas e outras ações para que ele fosse beneficiado, algo que não é e não pode ser da competência político partidária, mas de gestão de governo. A minha negativa gerou da parte dele perseguição, ameaças e calúnias em diversos espaços públicos dos quais frequento, inclusive com ameaças físicas, chegando a uma situação insustentável que culminou no seu ato de violência ontem, 25 de abril, no aniversário do bloco afro Olodum, quando ele agrediu fisicamente o diretor geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), Flávio Gonçalves, e verbalmente a mim, com diversas testemunhas. 

A direção do evento pediu para ele se retirar do local, pois sua atitude alterada causou grande desconforto entre os presentes e, não contente, ao sair da festa publicou um vídeo dizendo ser a vítima quando na realidade é ele o agressor, agindo com total desrespeito com o movimento negro, o Olodum e as verdadeiras vítimas, eu e Flávio Gonçalves.

Suas acusações são completamente infundadas e têm como objetivo fragilizar de forma covarde figuras públicas, e como não se pode acusar essas mesmas pessoas com questões objetivas, cria-se narrativas falsas para atacar e enfraquecer essas pessoas. Isso tudo com quase nenhum eco na maior parte do movimento negro, sendo, em certa medida, até tratado como acusações irrelevantes ou de má-fé.

Gostaria de dizer que todas as medidas legais já estão sendo tomadas, não apenas pela defesa individual das pessoas, mas também para defender o movimento negro que luta tão seriamente por igualdade e não pode ter a pauta do combate ao racismo tratada de forma oportunista e utilitarista. 

Não aceitaremos este tipo de postura que só envergonha a nossa luta. Não aceitaremos intimidação ou qualquer tipo de violência verbal e física por parte de quem não tem respeito pela gestão pública, seus pares e à nossa luta. 

Ademário Costa – cientista social, militante do PT e do Movimento Negro Unificado (MNU)" 

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