Único representante do Partido Verde na Câmara Municipal, o vereador André Fraga alertou a próxima gestão, seja quem for eleito prefeito, para as mudanças climáticas em Salvador. No entendimento do ex-secretário de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência, há três grandes segmentos que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa na cidade: transporte, energia e resíduos.
"Eu acho que qualquer gestor que assuma a cidade, que tenha um olhar para uma política de mitigação, precisa reduzir as emissões e olhar para esses três setores. Então, é priorizar transporte público, e isso tem sido feito nos últimos anos, seja com o metrô, com o BRT, com melhoria de mobilidade ativa também, com bicicleta e mais estrutura cicloviária. É preciso, obviamente, de mais integração, de mais estruturação e mais campanhas também para a segurança do trânsito. Quando a gente olha para a energia, a cidade tem pouca margem, mas pode incentivar a energia solar, por exemplo. E quando a gente fala em resíduos, está claro que precisa implementar um grande programa de reciclagem em escala. Isso ainda falta. É uma coisa que a gente não conseguiu avançar nos últimos anos, mas acredito que alguns passos estão sendo dados", salientou o engenheiro ambiental, em entrevista ao Blog do Vila, do Portal Salvador FM, ao citar a isenção de impostos para as cooperativas.
Fraga pontuou que, além da mitigação, outro aspecto que precisa ser debatido no município é o investimento na adaptação da cidade para as mudanças.
"Mitigação é reduzir as emissões. A adaptação é como é que você adapta a cidade agora para os problemas que a gente está enfrentando. E aí é grana: dinheiro para infraestrutura e para mobilização social. Temos que mudar também a lógica de projetos de infraestrutura, por exemplo, projetos como o Mané Dendê, que precisam ser replicados na cidade, que mudam essa lógica de tapar um canal aqui ou fechar uma área verde ali. Então, talvez pegar o Mané Dendê e reproduzir ele pela cidade, começando talvez pelo Camarajipe, que é o maior rio da cidade", sugeriu.
Embora esteja em uma agremiação que integra a Federação com PT e PCdoB, que estão na base do governador Jerônimo Rodrigues, e apoiar o prefeito Bruno Reis (União Brasil) na Câmara, o vereador se mantém independente em relação ao debate ambiental. Por exemplo, na polêmica sobre a desafetação de áreas verdes, ele votou contra. No entanto, não "romantiza" o tema.
"Eu acho que a gente precisa separar as coisas, né? O debate público ali, infelizmente, é muito contaminado pela polarização, pela simpatia de lado ou de outro. Existem áreas verdes que são declaradas oficialmente, mas que hoje já não funcionam como tais. Algumas têm capacidade de serem regeneradas, outras já não mais. Então precisamos separar isso. Precisamos separar também áreas verdes que são áreas de preservação permanente, que mesmo sendo eventualmente leiloadas, elas também se manterão com as suas características. E precisamos separar essas possíveis áreas que, de alguma maneira, podem continuar tendo essa função, que têm biodiversidade e ajudam no microclima e no macroclima da cidade", arguiu.
Assediado pelo PDT e persona non grata entre petistas e comunistas, André Fraga disputará a reeleição pelo PV, única sigla à qual esteve filiado e, mais uma vez, é a principal aposta verde em 2024.
