O samba traz no embalo de cada som a história de resistência dos povos brasileiros. Após dois anos sem os tradicionais festejos carnavalescos, o Bloco Alvorada retorna às ruas no próximo dia 17 de fevereiro, para animar a festa no circuito Osmar, que fica no Campo Grande, em Salvador.
Com o tema “Soy loco por ti, Capinan”, o desfile homenageia o poeta, escritor e compositor José Carlos Capinan. O desfile traz um repertório com mais de 200 músicas gravadas com letras que exaltam a herança da cultura afro-brasileira.
O presidente do bloco, Vadinho França, explicou que, ao longo dos anos, o Bloco Alvorada trouxe temas voltados à sua história: “A Alvorada sempre teve na sua construção, o objetivo de criar temas que falem dos nossos, sempre tivemos isso em nossa história. Este ano, falaremos de Capinan, peça importante para a música baiana e brasileira. Um cara completo, na sua essência como cantor e compositor, foi uma responsabilidade grande com a cultura de matriz africana, um cara ligado na nossa cultura e um bom divulgador dela, por conta dos seus livros e canções”, contou.
“Estamos segurando esse legado do samba na fila do carnaval, nessa pluralidade, fomos exemplos para outros blocos. Quando for falar de samba no carnaval, a Bahia tem que falar de perseverança e resistência do Bloco Alvorada”, destacou Vadinho sobre a importância do bloco.
Questionado sobre a expectativa em retornar às ruas, o presidente do bloco destacou que o sentimento é de “ansiedade” com a retomada dos festejos. “Começamos a perceber que esses anos de paralisação nos deram essa condição de ansiedade, as coisas vão começando a surgir, começamos a lembrar como era há dois anos atrás, que já vínhamos fazendo há 48 anos”, lembrou Vadinho.
Convidados especiais
Entre os sambistas convidados para garantir a alegria dos foliões, estão nomes como Marquinhos Sensação e Arlindinho. O presidente do Alvorada contou que a participação desses dois sambistas é uma presença de outros carnavais.
Marquinhos Sensação, um dos convidados, disse que irá embarcar na capital baiana para participar do Bloco: “Fazer uma participação em um bloco tão tradicional quando a alvorada, isso não tem preço”, disse.
“Voltar para Salvador para cantar no Alvorada, que tem uma representatividade maravilhosa e uma diversidade cultural fantástica e que representa o samba verdadeiro. Estou maravilhado, encantado, vou arrebentar naquele trio, pode ter certeza que vou cantar muito para vocês “, afirmou Marquinhos.
Já o cantor Arlindinho, filho do mestre Arlindo Cruz, não escondeu a animação em cantar no carnaval e em homenagear o seu pai. Para ele, o bloco Alvorada é uma reafirmação do samba no estado baiano: “É um bloco popular, desfila junto com outros gêneros, mostra que o samba também é baiano, que tem força e magia”, disse.
O sambista garantiu que sua participação será de “muita entrega” e revelou ainda ser um momento marcante em sua trajetória. “Esse povo da Bahia adora e eu gosto muito, homenagem para Arlindo Cruz, com muito axé e muita energia boa”, falou Arlindinho.
História
O bloco mais antigo de samba a desfilar nas ruas da capital, foi criado em 1975, por jovens estudantes do Colégio Severino Vieira. Além disso, o bloco desenvolve também ações sociais no bairro do Gravatá, onde está sua sede como capacitação de jovens, em parceria com os poderes municipal e estadual.
