Suplente na Comissão de Ética da Câmara, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) negou ter se ausentado da sessão da última quarta-feira (11) para proteger o colega Glauber Guerra (PSOL-RJ) do processo de quebra de decoro.
Além dele, o seu correligionário baiano Joseildo Ramos também não compareceu aos trabalhos. O único petista presente foi Jilmar Tatto (SP). Apesar da falta dos integrantes do partido, o colegiado aprovou, por 10 votos a dois, o início da investigação por quebra de decoro contra o parlamentar fluminense.
"Deram um golpe esta semana. Uma das facadas mais pesadas que eu tomei na Câmara. Na semana passada, foi divulgado para todos os parlamentares que a presença não seria obrigatória, que as sessões seriam feitas com a presença e a votação remotas. O que aconteceu? Eu fui a Brasília na segunda-feira, acompanhei presencialmente os trabalhos na segunda e na terça. Todas as comissões foram suspensas. O governador Jerônimo [Rodrigues] marcou uma ida a Ubaitaba na quarta à noite para um comício. Como eu fui o deputado federal mais votado da cidade, resolvi que acompanharia na quarta-feira o plenário remotamente, como estava previsto, e votei. A Comissão de Ética foi a única que se reuniu, sem avisar ninguém. Eles juntaram alguns parlamentares em número suficiente para abrir a sessão. Tanto que não fui só eu e Joseildo que faltamos. E olhe que eu sou suplente. Em tese, eu não teria nem obrigação de estar lá, mas nem os titulares estiveram presentes na sessão. O Jilmar Tatto estava lá porque ele coordena os meios de comunicação da Casa e foi chamado de última hora. Todo mundo achava que a reunião não iria acontecer", explicou Solla, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM.
Braga pode ser cassado por ter empurrado e expulsado o integrante do Movimento Brasil Livre, Gabriel Costenaro, das dependências do Congresso no último dia 16 de abril. Na ocasião, o militante do MBL fazia uma transmissão online, quando provocou e ofendeu o deputado, a quem chamou de "burro" e "fraco", além de agredir verbalmente a mãe dele, que estava doente e morreu dias depois do episódio. Nas redes sociais, Costenaro usou o episódio para "provar" como a esquerda é "violenta".
"Eu até tentei controlar, quando ele [Costenaro] foi agressivo em relação à mãe de Glauber, mas ele perdeu completamente o controle. Agora, houve uma ação organizada para aprovar a admissibilidade do processo. No plenário eles não vão conseguir dar a facada que deram na comissão, não", projetou o petista que, embora negue a tentativa de obstrução, confirma que votará contra quando o processo for apreciado em plenário.
Glauber Guerra acusa o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de articular a cassação do seu mandato. O relator do processo é o também baiano Paulo Magalhães (PSD), que refuta a hipótese de orquestração. Hoje, Gabriel Costenaro é candidato a vereador do Rio de Janeiro pelo Novo.
Confira a entrevista na íntegra: