Única mulher candidata a prefeita de Salvador, Eslane Paixão (UP) criticou a escolha de seus adversários de colocar mulheres como vices em suas chapas. Se o atual gestor, Bruno Reis (União Brasil), manteve Ana Paula Matos (PDT) na corrida pela reeleição, Geraldo Júnior (MDB) tem a companhia de Fabya Reis (PT) na campanha e mesmo o PSOL lançou Kléber Rosa, com Mira Alves ao seu lado.
Até hoje, a capital baiana elegeu apenas uma gestora feminina em toda a sua história, a atual deputada federal Lídice da Mata (PSB), em 1992. "Um extremo absurdo. Não dá para você colocar as mulheres em papel de figuração na nossa cidade, que é majoritariamente de mulheres e de mulheres negras. Dizem que vão falar em nome dessas mulheres, mas não sofrem. Não passam pelo o que a gente passa", criticou a postulante, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM.
Eslane ainda mandou um recado para o eleitorado feminino: "Existe uma mulher candidata nessa eleição. Uma mulher negra que tem não só lugar de fala. [...] Nós, mulheres negras, sofremos todos os dias nessa cidade. Hoje, não tem projeto, não tem perspectiva e não tem, de fato, vontade política. Propostas todos eles têm, mas, na hora H, a gente sabe muito bem qual o lado que esses que hoje se propõem a governar a nossa cidade ficam. Não é do nosso lado, da população que mais precisa, de pessoas como eu", comparou.
Entre as suas propostas, caso seja eleita, está a redução da tarifa do transporte público municipal, de forma que o valor não ultrapasse 5% do salário mínimo mensalmente. "O lucro no transporte público tem que ser extinto. A realidade é que a passagem em Salvador não é uma das mais caras do Nordeste fruto do acaso, e sim fruto do interesse do empresariado, que é colocado acima da qualidade do nosso ir e vir. Por isso a gente defende a estatização do transporte coletivo", considerou.
Na conversa, ela também protestou pelo fato de não ser convidada para os debates nas emissoras de rádio e TV e assegurou que o seu compromisso é com a população menos favorecida. "A gente quer construir um projeto, de fato, coletivo. Não é um projeto meu, de Eslane, mas sim de nossa militância, dos nossos amigos e familiares", disse.
Confira a entrevista na íntegra: